quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Cadê nossa dignidade?!

No dia-a-dia, desta vida corrida e maluca, tenho o hábito de observar o movimento humano ao meu redor, principalmente quando fatos marcantes (sejam positivos ou não) ocorrem. Recentemente fui mais uma vitima da criminalidade que assombra nossa população. Tive o veículo arrombado e alguns (vários) pertences levados. Enfim, o prejuízo e o susto são coisas que com o tempo serão resolvidos. Mas passado a revolta ficamos com os transtornos para resolver algumas situações, como , por exemplo, retirar 2ª vida das documentações.
Então a gente vai parar numa delegacia para registrar a ocorrência e lá somos, mais uma vez, vitimas, desta vez da "falta de dignidade".
Será que falta dignidade? Será que ela ainda existe nos dias de hoje? Ou será que não damos o devido valor a ela? Fiquei exatamente duas horas e meia "preso" na delegacia para registrar um simples boletim de ocorrência. E durante este intervalo presenciei o que tantos brasileiros sofrem quando precisam utilizar dos serviços públicos de segurança. Sozinho, naquele local feio, sujo e sucateado, fiquei pensando sobre a tal palavra, aliás, uma virtude: a dignidade!
Pesquisando posteriormente descobri que a palavra provém do latim: dignus é "aquele que merece estima e honra aquele que é importante. Logo pensei: mas nem sempre recebemos a estima e honra que merecemos.
Esta demora no meu atendimento foi devido à desorganização e falta de respeito ao próximo, quando as pessoas se prevalecem dos "conhecidos" para saírem com privilégios e mordomias. Porque as pessoas não respeitam uma fila? Porque não sabem esperar como todos nós que não temos "conhecimento"?
Estava com bastante paciência neste dia. Fui tolerante o possível para esperar. Não quis "comprar briga" com aqueles que chegavam descaradamente e furavam uma fila de espera. Uma fila com pessoas cercadas de problemas, dramas, medos e perdas maiores que o meu. Guardei meu "grito" para o escrivão. Fui, finalmente chamado, sentei em sua frente, fiz meu cumprimento de "boa noite" e narrei o fato ocorrido comigo e meu veículo. Ele puxava papo sobre amenidades quando aproveitei a ocasião para, educadamente, dizer: "Vocês deveriam adotar algum procedimento correto e justo de espera. Lá fora têm pessoas que estão esperando faz muito tempo, enquanto outras passaram direto em nossa frente. Já basta o que sofremos lá fora e ainda somos obrigados a passar por mais uma situação desta." Como resposta tive apenas um sorriso sem graça daquele que nem perfil tinha para atender-nos.
O fato é que somos tratados com tão pouca dignidade!
Mas então como agir então com dignidade, exigir nossos direitos e principalmente o devido respeito?
A realidade é que nós brasileiros exigimos muito pouco, e desta forma ferimos e matamos a nossa própria dignidade. Tratamos-nos como seres indignos de respeito, e por esta razão toleramos o intolerável: a corrupção; as filas longas e demoradas; explicações mal dadas e péssimos atendimentos em locais públicos e privados; o descaso com a nossa vida. É notório que deixamos, por comodidade, coisas importantes e que manteriam a nossa dignidade. Nos conformamos em simplesmente justificar o comportamento alheio, aí caímos no velho hábito de retrucar: "ah, deixa para lá, não adianta reclamar mesmo" ou "sempre foi assim, nada vai mudar". São estas e tantas outras expressões que já estamos cansados de escutar. Chega!!! Esquecemo-nos que dignidade não pode e muito menos deve ser deixada de lado, em troca de favores comprados ou do velho "jeitinho brasileiro".
Enquanto não soltarmos "nosso grito" continuaremos vítimas desta sociedade indigna.

Um comentário:

  1. Realmente é para indguinar-se!
    Mas... hoje é um novo dia e tudo será melhor!!!

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