sábado, 30 de outubro de 2010

Nossas linhas tortas

Algumas frases populares são bem clichês, mas elas, às vezes, ou quase sempre,  falam muito. Estava aqui pensando, é engraçado como Deus escreve certo pelas famosas linhas tortas. O problema é que estamos acostumados com retas que, aos nossos olhos, são mais suaves e fáceis de assimilar. Quando começa a dar volta daqui, outra dali, pronto, aí está feita a confusão e, com isso, tudo aquilo que o“Homem lá de cima” tenta nos dizer parece uma coisa meio que falar grego com troiano ou esperanto com aborígenes.
Desde cedo sonhei ser jornalista. Estar nos lugares onde as coisas acontecem e escrever sobre elas, quem sabe, até, noticiá-las, diretamente, de algum carro de emissora transmitindo ao vivo e à cores. E eu me formei em Jornalismo, mas acabei seguindo outros caminhos e lá se foi um desejo que mais me pareceu um sonho não concretizado. Mas o que poderia parecer frustração virou uma realização, pois nada melhor que encontrar-se com novos caminhos, descobrir talentos desconhecidos em você mesmo. E foi um período deste, num passado não muito distante me vi na rua, sem eira e nem beira, perguntando pra Deus quando Ele traçaria uma reta pra eu, pelo menos, levantar e prosseguir? Ficar andando em torno do rabo ou do umbigo nessas “linhas tortas” é complicado, ainda mais depois de um tombo! Mas, a vida seguiu, eu me reergui, levantei a cabeça e fui à luta. Aí pensei: olha Deus colocando uma régua onde, antes, só existiam compassos e transferidores!
Logo encontrei uma nova realização profissional. Não deixei de ser jornalista, apenas não ganho dinheiro com isso, mas alimento ainda aquele sonho de adolescente através de cada texto, palavra, cada ponto final.
E assim são nossas vidas, cheias de linhas tortas, sem uma visão clara do sentido a seguir. Mas quando pensamos que tudo será nó ou um espiral nos desesperamos. Mas quem falou que o reto é o melhor?
Então não ache que tudo será fácil por aí...lá ou cá estarão elas, as linhas tortas vindo...

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Loucura nossa de cada dia...

Sempre gostei de alimentar o hábito de olhar em volta e ver o que está acontecendo com as pessoas que me cercam. Confesso que, no passado, eu achava mais fácil tentar deduzir o que passava pela cabeça dos observados. Hoje vejo que isso é um verdadeiro mistério!
Vejo vida nossa de cada dia está se tornando uma rotina sofrida para a maioria das pessoas. Fico recordando que, quando criança, podíamos identificar quem pertencia às classes A, B e C. Sim, no passado, essas classes existiam, com clareza, para identificar o poder aquisitivo da população. Lembro bem das aulas de Educação Moral e Cívica! Hoje, temos de um lado os muito ricos e de outro os pobres sendo que, estes últimos classificados como pobres, muito pobres, e teimosos, vivendo porque a teimosia de se manter vivo é maior do que qualquer coisa. Naquela época as pessoas não eram ligadas em moda, em etiquetas famosas, marcas e outras futilidades. A juventude se vestia em uma única loja de marca e, isso, quando era da classe A, caso contrário, mandava a costureira da família copiar os modelos. Hum, você lembra-se disto? Aliás, modelo era coisa de cinema. Para ser modelo tinha que ter, realmente, um diferencial, um rosto exótico, uma altura bem acima da média, cultura e classe, acima de tudo. Não existiam fofocas de quem está com quem, exceto, nos resumos de novelas e um pouco no meio artístico que, assim mesmo, ainda era mais fiel às tradições, basta ver os casais de vinte anos ou mais, ainda casados. Atualmente, para ser famoso precisam dormir com alguém rico ou, quem sabe, participar de um reality show e posar nua. Classe e cultura são coisas que não existem, que dirá exotismo! Existe, sim, erotismo explícito e a promiscuidade aberta. É naturalíssimo tatuar nome dos amados pelo corpo e apagar. Bons tempos em que amor era uma palavra singular e pouco dita, só proclamada no momento certo e com a pessoa certa. Banalizaram, aliás, piratearam o amor! O que vemos hoje são pessoas pré-fabricadas. Todas devem ser louras e com os cabelos lisos, seja porque são naturais ou porque sofreram horas de tratamento à base de chapa quente. Ah, bons tempos que via minha mãe e tias com touca de meia velha! A pele, esta deve ser bronzeada para que se possa deixar a mostra a marca do biquíni e o piercing no umbigo por sobre a calça quase que caindo, muito abaixo da cintura. Não podemos esquecer da lordose, essa parte sempre apreciada, se tornou doença e, o pior, agora a pobre coluna vertebral além de sustentar o “pandeirão” arrebitado tem que compensar com o peso dos “dos peitos falsos”
Faz um tempo que para ir a uma escola bastava um uniforme. Hoje a produção é cinematográfica: gloss, blush, brincos, colares, anéis, bolsas com frufrus e correntes, camisetas que deixam a mostra o que deveria ser íntimo, óculos coloridos e, é claro, um caderno que vai tentando se segurar entre um celular que toca ou uma jogada do cabelo para o lado, talvez, para fazer o cérebro pegar no tranco. Que saudades dos uniformes que economizavam nossas roupas de festa e o dinheiro suado dos nossos pais. Todos padronizados, roupinha limpa e cheirosa.
Outro dia estava no shopping, num final de tarde de um sábado, o que é uma ótima opção para analisar pessoas naquele encontro de tribos estranhas, e vi duas meninas que não eram irmãs mas, me fizeram sentir naqueles filmes futuristas em que todos são clonados, idênticos, fazendo com que, a ideia de futuro. As moças estavam vestidas com as mesmas roupas, mesmo cabelo de Emo, mesma bota, tinham os mesmos gestos, riam da mesma forma escandalosa e esquisita, parecia a imagem de uma refletida no espelho. E o que mais me intriga é que isso passou a ser o must do momento, o padrão a ser seguido, aquelas coisas todas iguais. No mesmo dia um louco passou, por mim, andando com grupo de amigos por entre os carros do estacionamento do shopping, gesticulando ridiculamente e gritando "Hoje eu tô malucão". Nem precisava dizer, mas, sabe que eu acho que ele não está tão louco assim como ele pensa... Essa vida onde nada é direito, tudo é dever e obrigação, onde a droga está sendo usada para suprir carências e necessidades e fazendo-se de lei e ordem, onde o crime compensa, onde o desemprego assola, onde se vê o luxo e o lixo, todos os dias invadindo nossas casas, onde tudo virou normal, até mesmo as pessoas se banalizaram ao ponto de se tornarem clones, quem é o louco? Já nem sei mais ao certo!



terça-feira, 26 de outubro de 2010

A busca do ser e da alma

Como já diria a canção: “Dias melhores, pra sempre.” Definitivamente e inquestionavelmente, a nossa busca por alegria, prazer e paz de vida é uma investida constante ou contínua. Aparentemente não nos cansamos de sair em busca desse propósito, o nosso alvo e objetivo comum, se não até coletivo é de simplesmente ser feliz. Mas o que de fato torna um homem ou uma mulher feliz? Ou, melhor ainda, onde mora a felicidade tão procurada? Uma vez que em meio à pluralidade de opiniões e de caminhos apresentados com a mesma finalidade, chegam a confundir nossos pensamentos. Só nas religiões há uma infinidade de propostas e receitas. Uma coisa é certa, podemos afirmar que todos, sem exceção buscam a felicidade, e isso é uma realidade existente nos corações humanos independente de religião, nação ou condição financeira. Todos buscam um amor, uma relação de cumplicidade, uma vida de felicidade, uma rotina de prazer, uma constante de paz, um acordo de afeto.
Em minha opinião e no texto que aqui pretendo descrever, não haverei de compartilhar o endereço ou o ponto exato onde possivelmente a felicidade e seus agregados possam morar. Na verdade tenho comigo a seguinte certeza: enquanto houver vida em nós, a nossa busca ou caminhada possivelmente em direção ou em busca da felicidade será tão presente e real, quanto a nossa respiração ou o nosso fôlego de vida, tornando-se uma prática constante, automática, instintiva, por vezes inconsciente e sempre natural. Tenho vivenciado bons momentos de paz e de alegria por simplesmente estar vivo, este sentimento tem de alguma maneira se concretizado, se “materializado” ou simplesmente se tornado de fato real em alguns momentos de minha caminhada. Falei outrora que não haveria de fazer registro ou alguma citação de onde a felicidade e seus agregados possam exatamente fazer morada, mas vou vivenciar nestas linhas o risco voluntário de fazer menção de uma suposta fonte onde a felicidade flua, o que na verdade você pode entender como um compartilhar de experiências, vivências e pensamentos.
Se tiver uma coisa que eu sempre valorizei, ou sempre tive em alta estima, foi o ser humano, a alma humana, o individuo, o outro que me cerca o próximo que possivelmente possa estar quilômetros de distancia de mim, mas perto. Como costumo dizer: “no coração”.“Nada na experiência e vivencia humana, deve ser descartado”. Acredito ser este um dos pontos exatos onde a felicidade ou a razão de estar, ganham forma, força e autonomia. A sabedoria está em aprender com o próprio tempo vivido, perceber nas experiências do passado, ou nos relatos de outros compartilhados a oportunidade de dar um novo passo, de vivenciar uma nova etapa, um novo momento, o tempo exato para recomeçar. Falo do homem, indistintamente, falo especificamente da sua experiência de vida, da bagagem que ele trás consigo, das lições adquiridas durante sua caminhada. E sem medo de errar, ouso compartilhar mais um pensamento meu, por meio da seguinte afirmação:
Acredito que quando paramos para fazer uma analise do nosso tempo vivido, dos nossos erros e dos nossos acertos cometidos, somos seqüencialmente convidados ou tão somente levados a mergulharmos numa auto-avaliação. Esta será aquela que nos abrirá a porta para a reforma da alma, para o despertar e o vivenciar de um novo ser e este ao seu tempo devido, dentro do ciclo e do seu momento na existência. Também acredito na afirmação feliz que percorre nossos dias: “Ninguém é uma ilha”. Entendo que a felicidade certamente não habita com a solidão, logo a felicidade, o sentimento de alegria é possivelmente conquistado em parceria e simultaneamente deve ser compartilhado.
Se há algum segredo na existência humana, se há alguma receita certa para se alcançar o ápice na passagem pela terra, acredito que esta seja o compartilhar da vida. Não há nada mais essencial na vida de um homem, do que o preservar das relações saudáveis, por meio dos representantes diretos que manifestam e expressam o verdadeiro afeto e o verdadeiro amor de que precisamos e estes que tento aqui citar são aqueles que formam nossas famílias (aquela que Deus nos deu) e em seguida nossos poucos e raros amigos (a família que Deus nos deu). Me permita dizer: “Corra para o abraço afetuoso, compartilhe seu sorriso, suas conquistas, lutas e angustias, na certeza de que quando estiver fraco, haverás de ser fortalecido, quando entristecido consolado ou confortado, quando solitário acolhido e abraçado e nestes (família e amigos), sempre encontraremos mais um motivo para permanecermos na luta e na busca da vida feliz.
Compartilhar, conviver, retribuir e agradecer, são palavras de ordem, verbos que devem ser conjugados e vivenciados em todo tempo, sempre fortalecidos e guiados pela humildade, elemento regulador que fortalece e qualifica o caráter humano, sempre de dentro para fora, numa regra de ação interna e de poder transformador, que resultará em dias de paz, e de felicidade, comprovadamente uma vida abençoada por Deus. No entanto bem sabemos que o mesmo mar que apresenta bonança e paz, é também o mar bravio, agitado, violento e aparentemente indomável que sempre está disposto a nos por à prova; logo toda atenção é necessária, para que não percamos de vista o foco da nossa alma e o objetivo do nosso ser: encontrarmos a felicidade a cada dia e viver uma trajetória de harmonia, paz e equilíbrio interior, abençoando e alcançando o maior número possível de indivíduos que estejam ao nosso redor. Para aqueles que são guiados pelo amor, as circunstancias do mar agitado podem provisoriamente comprometer ou roubar a paz, mas nada que a fé e a esperança que habitam nos corações sinceros, não combata, domine e vença.
Cabe a nós o exercício da sabedoria, da esperança, do equilíbrio e do amor altruísta, vivenciando o entendimento de que minha felicidade também depende da felicidade da coletividade que me cerca. A prova disto é que sempre vivemos em grupos ou de alguma maneira cercados por terceiros e se estes estão bem eu tenho maior probabilidade de também vivenciar o prazer da alegria e da realização por meio de um grupo ou de um conjunto. Juntos, nos aquecemos em combate ao frio. Juntos, cantamos em alta voz no combate à tristeza ou solidão. Juntos, sustentamos uns aos outros estabelecendo uma rede de força e resistência diante das dificuldades. Dentro desta realidade coletiva de vivencia e intercambio sempre teremos forças para recomeçar a caminhada um dia após o outro, faça sol ou faça chuva, cantem os pássaros ou não, sopre a leve brisa ou se erga o mais feroz furacão. O nosso estado de espírito, a nossa realidade interior sempre determinará a maneira exata de como haveremos de reagir e de lidar com as situações do dia a dia. Por fim fica a lição bíblica: “Não se deixe vencer pelo mal, mas vença o mal com o bem”.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Basta viver!

Quantas vezes precisamos sentar e contemplar a lua para um diálogo de adultos? Sentar na escada e ter um minuto de silêncio. Há muito tempo que preciso disso. Há muito tempo que não ganho, não perco. Estou atado numa espécie de silêncio complacente e inquieto, diante do mundo, diante das coisas que parecem paradas no tempo e no espaço. Tenho pouco a dizer, porque as vezes falamos sem roteiro. O que tenho a dizer não é íntimo nem grave, não é passado nem futuro, simplesmente não existe. Não quero falar nada, nem nada compartilhar. Quero apenas estar aqui, me fazer presente neste mundo. Quero apenas, num espasmo antes de tudo egoísta, mas profundamente humano, me apagar num gozo flácido de mim mesmo, intruso na comédia social, nesse apagamento, que só pode acontecer sob a égide de uma participação meticulosa, coordenada, estratégica. Não basta ser, tem que participar, já dizia um comercial de remédio para contusões. Participar. É um jogo talvez fácil, mas consistente. Comparecer à cena para, dentro dela, poder fugir de tudo e de todos. Mas não de mim. É simples desse jeito. E é fácil demais. Basta dizer palavras comedidas. Basta dançar conforme a música, participar das festas, atender telefonemas. Basta ser cordial, cordata, referencial, batuta. Basta corresponder ao sorriso, pagar as contas, dizer obrigado e chorar no escuro. Basta não gritar. Basta não usar palavras em desuso. Basta cantar afinado, olhar direto e firme, usar roupas apropriadas, falar baixo e objetivamente, nunca chegar atrasado. Basta sorrir simpático e ser engraçado. Basta mentir. Basta nunca falar de coisas importantes ou difíceis. Basta se comportar, basta não obedecer regras, basta ter caráter e agir com amor. Basta viver!

sábado, 23 de outubro de 2010

"Dizem que a vingança é doce; à abelha custa-lhe a vida."

Sou um ser humano e como qualquer pessoa é inevitável que eu tenha o desprazer de ser consumido por aqueles sentimentos mesquinhos e desprezíveis, como a vingança, por exemplo. Mas ainda bem que a maturidade nos traz serenidade e tolerância, mesmo quando somos vítimas das injustiças e do desrespeito humano.
Vingança! É um tema pesado, isso eu sei. Mas levante a mão aquele que nunca sentiu ou agiu movido por este sentimento. Levante!!! Mas falo deste assunto não é por nada não, muito menos porque quero me vingar de alguém. Estou em paz, ainda bem! Mas não podemos esquecer que vez por outra temos nossas raivas e aquele desejo de matar (força da expressão), ficamos possessos de fúria e com louco desejo de vingar. E venhamos e convenhamos, pode ser até polêmico este tema, mas ele atrai pela sua força literária, por carregar um forte conteúdo recheado de dramas e tragédias. O que seria dos filmes, livros, contos e novelas se não existisse a vingança?
O grande "x" da questão é que eu sinto essas coisas por uns dez minutos, logo respiro fundo e imediatamente penso, com toda humildade, numa das frases que carrego comigo: "A maior vingança é o sucesso!". Ah, por falar em frases fiz um resgate de algumas sabedorias sobre o assunto. E cada uma delas nos mostra o quanto somos fracos e vítimas deste mal. Quando falo em sucesso é respondermos ao outro com o que de melhor podemos oferecer, buscar ultrapassar nossos limites e vencer os obstáculos que a vida nos coloca.
Tal é a força deste sentimento que, durante a infância, agimos possuídos quando atingidos por coleguinhas, por exemplo. Quem nunca desejou que aquele colega de escola que o agrediu em palavras sofresse um tombo na frente de todas as crianças e virasse algo de risadas? Qual garota nunca quis vingança contra à falsa colega que roubou seu paquerinha? Vingar-se do irmão que entregou uma traquinagem sua aos seus pais; dar uma resposta ou um tapa naquele vizinho que fica criando apelidos em você. São crianças, muitas vezes não distinguem os sentimentos e nem sabem o poder que eles possuem. Muitas vezes é o instinto de defesa inconsciente socialmente funcional ou mesmo a educação e cultura gerada por nossa sociedade individualista e competitiva que nos forma assim. Não encaro como uma doença, nem como crime, muito menos uma falha de moral, encaro apenas como um comportamento humano.
Mas seja como for, em que tempo e local, vingança é um sentimento negativo e a história mostra cada vez mais isso. Ela nada mais é do uma retaliação contra uma pessoa ou grupo em resposta a algo que foi percebido ou sentido como prejudicial a nós ou aos que estão próximos. Em alguns momentos a vingança pode até caracterizar-se como igualar as coisas, mas na verdade ela tem um objetivo mais destrutivo do que construtivo, dar uma resposta e fazer o outro sentir na pele o que sentimentos. É feio isso, não é? É estranho assumir esta nossa fraqueza, causa vergonha, mas devemos assumir que quando menos imaginamos sou vitimas ou agentes vingadores.
Bom parar e pensar nestas palavras "Não vingue-se, que da vingança vem o arrependimento", sabiamente dita pelo pensador chinês Confúcio. Desviar os pensamentos, encontrar um o ponto de concentração, meditar, orar, falar com Deus, escrever, parar e pensar, flutuar entre as ideias, sonhar, ouvir música, tudo isso e mais um pouco nos permite correr em direção dos sentimentos positivos porque esse negócio de ter ódio, ressentimento, magoa e de guardar rancor detona com nossos pobres neurônios, entope artérias e nos coloca às margens de um enfarte fulminante. Vingança não é um prato que se come frio, na verdade é um prato indigesto que você come e depois sofrerá de cólicas psicológicas.
Encero por aqui com uma frase de uma antiga pensadora, de pseudônimo Carmen Sylva: "Dizem que a vingança é doce; à abelha custa-lhe a vida."
Vamos pensar nisso?


quinta-feira, 21 de outubro de 2010

a.m.i.z.a.d.e...

Hoje pensava na amizade e no valor que lhe dou. Pensava nos meus amigos conquistados, nos momentos vividos em comunhão, em olhares, em pessoas concretas da minha vida, em abraços, em conversas, em ter e viver com irmãos que escolhemos ter ao nosso lado. Em certo momento nesta viagem bateu-me com alguma força esta ideia de Aristóteles: “Alguns pensam que para se ser amigo basta querê-lo, como se para se estar são bastasse desejar a saúde...”. Sábia ideia! Neste instante deixei-me ficar a pensar nela como se ela mandasse mais em mim, do que eu nela.
Ao longo da jornada construímos laços de amizades, integrando pessoas em nossas vidas que nos agregam e nos fazem crescer.  Sinto-honrado e feliz pelos amigos que, muitas vezes me fizeram  sorrir quando minha vontade era chorar,  que apontaram o dedo em minha cara quando errei ou fraquejei, que cultivaram cada palavra no semear de uma história verdadeira.
Tão bom ter amigos! Bom ter amigos que te carregue e zele durante aquele “porre de cachaça” no qual você perde a razão e equilíbrio; amigos que surpreendem com mensagens SMS e e-mails sinceros em plena expressão de amor e companheirismo; amigos que são solidários quando você bate o carro da empresa e fica em pânico por ser demitido; amigos que riem dos seus micos e fazem questão de divulgar aos quatro ventos; amigos que deixam você comer pistache como se fosse amendoim; que fazem uma surpresa em seu aniversário e deixa você vermelho de vergonha; ahhh...amigos que empurram o carro para o acostamento quando falta gasolina, ou pior, quando o pneu fura em pleno final de uma festa e precisam ir atrás de um borracheiro às 6h da manhã; amigos que nos socorrem quando falta dinheiro ou estouramos a conta na balada ; amigos que conhecem nosso gosto musical e fazem questão de gravar ou comprar um CD ou DVD igualzinho pra gente; amigos que querem seu crescimento e procuram um emprego melhor para você ou mesmo pagam a inscrição de um concurso público e te surpreende com isso; ter amigos que criam apelidos carinhosos e você aceita recebe-los pois sabe que vem com carinho; ou mesmo amigos que dedicam cinco minutos do seu dia para ler estes meus textos e pensamentos.
Sim...quero dizer que qualquer semelhança com a vida (minha) real não é pura coincidência!
E como qualquer relação também eu já vivi por crises passageiras, já tive a experiência de passar por momentos intempestivos, alguns abalos ocasionais que logo se resolvem.
Diz a sabedoria popular que: “quem tem um amigo tem um tesouro”. Poxa, sou uma pessoa milionária!


quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Caminho...




Você também acha que os dias ficam cada vez mais curtos? As 24 horas parecem mais rápidas e o tempo voa numa velocidade frenética.  As pessoas trabalham, cuidam de casa, cuidam da família, dos filhos, cães, gatos, levam trabalho pra casa, cuidam do jardim, ler e responder e-mails, lavar o carro, arrumar o quarto, cuidar do visual e aparência, têm de ter tempo para a diversão, etc. Ufaaa...só de pensar e falar já cansa!
E nesta jornada do caminho da vida achamos que  tempo está mais curto, logo ficamos presos e aterrorizados em tomar uma decisão “errada”. Seja para escolha de um novo amor, uma nova profissão, uma compra, um investimento ou algum outro caminho a seguir. Pensamos que, tomando a decisão errada, perderemos muito tempo e, por isso, acabamos, às vezes, adiando este momento.
O medo e preocupação de pegar o caminho errado e perder tempo impede algo fundamental para nosso aprendizado: o experimentar. A gente esquece que para ser feliz e ter sucesso precisamos aprender que o fracasso não existe, o que existe é o aprendizado. E, o aprendizado só acontece quando nos permitimos experimentar.
Quando somos crianças aprendemos mais rápido do que quando chegamos à fase adulta porque julgamos  menos e experimentam mais. Não tínhamos, eu sei, tantas responsabilidades, porém, não tínhamos medos. De enfrentar aprender novos caminhos. Este é o fator fundamental, aprender novos caminhos! Não existe fracasso e sim aprendizado. Portanto, adiar uma decisão por conta do medo de tomar o caminho errado e perder tempo, é esquecer que todos os caminhos ensinam.
A cada dia é que podemos  apreciar o “experimentar” como uma fórmula para o novo! Podemos aprender coisas novas, escolher novas formas até de fazer coisas mais simples como voltar para casa e organizar nossos objetos no quarto, inverter a ordem do que fazemos todo santo dia da mesma forma. Até porque novas experiências nos trazem novas soluções! Seguir o caminho. "Caminhando e Cantando". Seguir o caminho...

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Quem vende a fórmula do amor?


Quem não deseja encontrar a verdadeira fórmula do amor?
Juro que se encontrar esta fórmula vendo e fico mais rico do que o Eike Batista!
Será esta uma receita tão complexa? Uma “mistureba” de sentimentos e necessidades que saltam aos nossos olhos, em doses intercaladas e intangíveis de o amor, o respeito, cumplicidade, confiança, sinceridade, comunicação, humor, paixão, tesão, admiração...
Quando algum destes ingredientes falha, passamos de relações a "ralações"!
Não podemos esquecer de uma pitada de “reciprocidade”. Ah sim! Até porque, por exemplo, espaço de intimidade da outra pessoa, é da outra pessoa. Se eu espero respeito, tenho que respeitar a intimidade do outro e a sua liberdade, não acha?
Outro ingrediente básico é a doação! Se não entendermos isso, não estaremos totalmente abertos para amar e sermos amados. A maioria das pessoas busca o amor verdadeiro, mas apenas exigindo do outro, não contribuindo e nem tornando uma reciproca verdadeira.
Para encontrarmos o amor, precisamos cultivar dentro de nós mesmos sentimentos positivos, entender e saber que amar é doar-se e sem medo, com os pés no chão, sem fazer da outra pessoa um ser mais importante que nós mesmos, mas doar-se, viver o amor em sua plenitude e simplicidade. Sim, o amor adota ingredientes simples, básicos e gratuitos.
Neste exato momento pensei em desenhar a fórmula do amor - cantarolando aqui junto com Kid Abelha "...ainda encontro a fórmula do amor..." - mas confesso que por instantes vi-me à rasca para ter ideias minimamente abrangentes, extensas, complexas e matemáticas. Melhorar parar por aqui! Nunca fui muito bom em cálculos e fórmulas, prefiro resolver estas “equações” na prática, a teoria cansa!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Vestir a ideia! Uma questão de educação e preocupação!!!

A vantagem de morarmos num país democrático e sem censura é que podemos utilizar nossas palavras de forma livre, expondo nossos pensamentos e opiniões. Ninguém é obrigado a aceitar nossas palavras como uma verdade, basta respeitá-las.  
Estava escrevendo um texto sobre o cotidiano, destes comuns com um olhar humano das coisas, mas fiquei atento a uma reportagem que passava na TV, uma destas polêmicas na briga “sexo x igreja”. Apaguei as primeiras linhas do texto e resolvi falar um pouco sobre a hipocrisia da sociedade brasileira quanto ao uso da camisinha.
Algumas pessoas e camadas da sociedade e entidades religiosas insistem em dizer que a camisinha incentiva a prática do sexo. Na reportagem ouvi uma autoridade religiosa dizendo que a camisinha incentiva o sexo irresponsável. Não seria o contrário?!
Vale lembrar que sou católico carismático praticante! Mas discordamos, algumas pessoas, dos nossos pais que são as pessoas que mais amamos na vida, imagine de  uma entidade religiosa!
O que se pode ver é a dificuldade de se chegar a um equilíbrio sobre este assunto.  A igreja prega que seja impossível se conciliar sexo e amor. Resultado: mulheres que fazem sexo há 30 ou 40 anos e ainda não alcançaram um orgasmo por sentirem vergonha do que fazem com os seus maridos; homens que descobrem o sexo depois de casados e viram os ”tiozões-tarados-comedores”; pessoas emocionalmente e hormonalmente instáveis já que como diz Freud “todo comportamento humano é regido por uma natureza sexual”; líderes religiosos estupradores de criancinhas; infidelidade; gravidez indesejada entre jovens, consequentemente alguns abortos posteriores e, o mais preocupante, o aumento significativo de casos de doenças sexualmente transmissíveis pelo mundo.
Chegamos ao século XI e está na hora de se ver o sexo como algo natural de nossa sociedade. É inquietante ver a igreja ditando comportamentos irracionais. Igreja, fisiologia e ciência poderiam andar paralelamente? Longe ou próximo já estamos? Difícil saber!
Mas crescemos ouvindo que a liberação do  sexo só depois do casamento! O que é o casamento senão a assinatura de um pedaço de papel em cerimônias simbólicas?
Por outro lado, a banalização do sexo faz com que muitos se assustem. E com razão. O sexo virou produto comercial, qualquer esquina se encontra, é “facinho facinho”.
O jeito, então, é buscar um equilíbrio, que só é alcançado mediante muita educação e desenvolvimento. Então, pessoas, sexo seguro e responsável é altamente recomendável para uma mente sã. E digo meus caros,  não culpem seus pais por não quererem saber que você faça sexo. Ahhh...não vá me dizer que você se sente confortável imaginando como os seus pais lhe fizeram! Talvez, seja por causa desse desconforto que muitos cresçam achando o sexo uma coisa terrível. Mas “pessoas” não é!
Concluo dizendo que fazer sexo ou não é uma questão de escolha. Minha recomendação é que qualquer que seja essa escolha, que ela seja saudável, a ponto de não representar uma repressão ou um desequilíbrio. Viva o sexo seguro, com amor, com responsabilidade, com respeito ao próximo e a si mesmo.
Camisinha é pra se discutir sim, e mais, para se usar!

sábado, 16 de outubro de 2010

Pela estrada, pelo silêncio.


É no silêncio das noites frias e serenas
Que escrevo meus devaneios
É na bucólica madrugada
Que meus pensamentos se libertam
A solidão é uma grande amiga neste momento
O silêncio tornou-se minha canção
E a única coisa que me preenche são as palavras
E se me perguntarem se estou bem
Tudo o que respondo é: tudo ótimo!
Mas só a lua que lá fora brilha sabe da minha sina
Viver por viver, amar sem ser amado
Prantear diante de fotos do passado
Já pensei que fosse morrer de saudade
Saudades do que vivi e não vivi
Sorri quando por dentro não havia alegria
Amei e não fui amado
Mas também fui amado e não amei
E tudo o que queria era ficar em paz
Tentei me proteger, tentei esquecer
Tentei falar, desisti e gritei
O som reverberou nas paredes
Me apeguei a quem não merecia
Me entreguei a quem não podia me receber
Me perdi, me encontrei
Quando voltei para ver o que ficou na estrada
Encontrei alguém que um dia fora feliz
E hoje está é mais feliz ainda
Pois o viver já vale muito
Correndo pela estrada, caindo às vezes, mas correndo
Momento de silêncio espremido pelo sono que me toma
Uma pausa, um suspiro
Um adeus à noite que se distancia
As palavras se guardam
Somadas às lembranças que jamais partirão.


quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Onde mora Gentileza?

"Apagaram tudo, pintaram tudo de cinza, a palavra no muro, ficou coberta de tinta. Só ficou no muro, tristeza e tinta fresca... Nós que passamos apressados, pelas ruas da cidade, merecemos ler as letras e as palavras de Gentileza..."

Lembro de uma época que era tão bonito ouvir palavras como "por favor",  "bom dia ou boa noite", "obrigado", "me desculpe". Palavras tão bonitas que antigamente escutávamos com bem mais frequencia . E mágicas também, pois abrem portas para o mundo, principalmente quando ditas de forma sincera e espontânea.
Hoje estas palavras de gentileza parecem mais um produto do mundo moderno e plastificado, elas soam como falsas (quando são pronunciadas). Saem sem a menor espontaneidade. O homem pede-se desculpas da "boca pra fora", o "bom dia" e o "boa tarde" são ditos no piloto automático. Infelizmente a gentileza virou quase uma técnica robótica, ao invés de um requisito e valor essencial da convivência entre os homens.
Vejo que as relações humanas, em alguns casos, tornaram-se um fruto do mercado. O outro é tido como um mero produto, que possivelmente serve de ponte para o interesse pessoal ou profissional e logo depois é jogado fora, descartado como um simples copo de plástico usado e sujo.
Quer ser gentil ao próximo? Então não estacione o seu carro em local "proibido estacionar" ou marcada para deficientes e idosos; não fure uma fila do banco; nem seja grosso com o garçom porque este errou um pedido num bar; dê prioridade nos ônibus aos idosos, não fique sentado como se não enxergasse sua presença; reconheça que errou e saiba perdoar quando o outro errar com você. Todos os conceitos de uma boa educação foram passados pela nossa família e escolas, mas elas poderiam se transformar em uma ação real e prática se fossem expressas em forma de gentileza e respeito.
Quantas vezes já ouvi a expressão "Ama o teu próximo como a ti mesmo", e sei que esta é uma frase repetida com veemência na maioria das religiões. E quem faz isto no dia-a-dia de verdade? Fácil falar, difícil é praticar. Entendo que a inversão de valores se dá quando perdemos o respeito ao outro, e passamos a tratá-lo como uma "coisa", e não como um ser humano. Conhece a Lei do Ouro? Uma das normas morais mais importantes que surgiram na história da humanidade. Ela surge em diferentes épocas e culturas, e tem uma abordagem de fazer o bem, ou mesmo, de evitar o mal. Todas, contudo, têm o mesmo objetivo: preservar a dignidade da pessoa humana. Então se gostamos de ser tratados de forma gentil, é preciso que antes tratemos as pessoas com o devido respeito e gentileza.
Aprendi (e continuo aprendendo) com tantos episódios nesta minha jornada de 29 anos que gentileza se dá, mas que também se deve ser exigida. Isso mesmo! Quando aceitamos a grosseria e falta de educação de alguém, a sua ausência de retorno, o silêncio, as desculpas esfarrapadas e sem sentido, somos culpados e perdemos a gentileza com nós mesmos.
Infelizmente nos deparamos com a falta gentileza em casa, no trabalho, na igreja, no bairro que moramos, na universidade, no trânsito, em todo e qualquer lugar. O homem se torno um ser mecânico e racional. Ele esqueceu que nossas casas eram ninhos para aconchegar e proteger-nos; o nosso trabalho se tornou um local tão competitivo e cruel que muitos esquecem que lá não é apenas um lugar de ganhar dinheiro, mas de aprender a conviver.
A gentileza tornou-se apenas uma palavra bonita e doce de ouvir. Ela está escondida em algum lugar, que , confesso, procuro todos os dias.

"...Por isso eu pergunto à você no mundo, se é mais inteligente o livro ou a sabedoria. O mundo é uma escola, a vida é o circo, amor palavra que liberta, já dizia o profeta..."

Bom dia! Obrigado pela leitura.


terça-feira, 12 de outubro de 2010

Hoje eu volto a ser criança...

Hoje é Dia das crianças! Viva a todos nós que guardamos nosso espírito de criança num lugar especial de nossos corações. Nada melhor para celebrar este dia do que recordar uma época (não muito longe vale salientar), em que nós, frutos  da geração anos 80, curtimos com toda intensidade. Feliz época em que nós crianças tínhamos a possibilidade de viver e curtir todos os prazeres e delícias da infância sem medo.
Para quem viveu, como eu,  a chamada década perdida sabe o quanto foi um período divertido. Foram anos incríveis.  Por isso, e porque hoje estou mais saudosista do que o costume, busquei resgatar coisas que marcaram minha geração e de muitos dos meus primos e amigos, que hoje contemplam comigo doces lembranças do que ficou guardado num bom lugar bonito do passado.
Convido vocês para passearmos juntos por minhas lembranças.  Estes dias que antecederam esta postagem fiz questão de pensar e resgatar o que de marcante tivemos num passado próximo. Revirei meu quarto e a despensa que guarda algumas velharias de minha casa, achei alguns poucas recordações, alguns brinquedos, objetos e jogos. Nesta “revirada no baú” lembrei  (cantando )do quanto gostava de ouvir Balão Mágico. Lembrei  do tempo em que que a Simony ainda era uma criança e que dividia a apresentação do programa com o engraçadíssimo Fofão. A música de abertura, então, era “Nosso lindo balão azul”.  Ainda tenho guardado meu “Banco Imobiliário” e outros brinquedos da “Estrela”.
Lembro que aos domingos, logo cedinho, toda família se reunia na casa dos meus saudosos avós, João e Lourdes, e todos os netos corriam para a mercearia que o vovô tinha em casa e lá éramos presenteados com balas e guloseimas, que hoje dificilmente achamos em nenhum “fiteiro” ou “budega” da cidade.  Lembram  da balinha “Soft”? Lembro que ele nos dava dessas balas mas sempre falava: "cuidado pra não engasgar hein menino! Adorava ganhar também o pirulito do Zorro, me lambuzava todo. Mas nada se compara ao “Push Pop”, era muito bom, mas melava todos os dedos.  Depois era uma fila na mangueira do jardim, logo escutávamos os gritos de vovó e nossas mães “cuidado com a água quente, vão adoecer viu”.
Engraçado quando se juntavam todos os netos (um turminha boa viu) para brincar com o Pirocóptero. E ainda puxávamos a velha musiquinha: “Pirulito que bate bate,   pirulito que já bateu , quem gosta de mim é ela , quem gosta dela sou eu”. Bobo não é? Mas ser criança é isso!
E do chocolate Surpresa da Nestlé?  Este era mais caro então não era sempre que o “vô” podia dar para sua “netarada”. Ele fazia muito sucesso graças às edições temáticas, pois colecionávamos os cartões com fotos de animais, além é claro de ser um chocolate delicioso.
E  geralmente depois do almoço ganhávamos um “Dipnlik”. Para quem não lembra ou não conheceu era um pirulito que vinha em um saquinho que continha um pozinho doce. Primeiro a gente tinha que dar uma lambida para ele ficar grudento, depois era só mergulhar no saquinho. Uma delícia!



  Foto com irmãos e primos num destes domingo em família (faltam alguns primos ainda)

Ao lado da casa dos meus avós existia um campo, daqueles  tipo “futebol de pelada”. Era vizinho mesmo, coladinho! Quando abriam os portões a criançada corrida para as mais diversas brincadeiras que pudéssemos desenvolver. Às vezes levávamos nossas bicicletas Caloi e ficávamos dando voltas e voltas pelo campo debaixo de um sol torrencial.  Sempre as brincadeiras eram comandadas pelos netos mais velhos, Marcelly e eu, e a decisão e organização ficavam conosco. Aproveitavamos para brincar dos desenhos da época, como Thunder Cats ,  Palácio da Justiça dos Superamigos, entre outros, e isso sempre gerava briga pois era uma disputa acirrada para ganhar o papel dos personagens de destaque de cada desenho.
Hora do almoço! Corriam todos alvoroçados para a cozinha da “Vó Lourdes”. Lá estavam nossas mães colocando nossos pratos. Eram pratos de plástico coloridos. Então já sabem não é, mais brigas! Cada um que escolhesse a sua cor predileta. Com os copos não tínhamos problemas, cada neto tinha um copo de alumínio com seu nome gravado. Mimos de avó!
Ninguém comia na mesa, até porque faltava espaço para isso. Então corríamos para sala pois era hora de assistir mais um episódio do inesquecível Alf, o ETeimoso. Garantia de boas risadas! Todos queriam um bichinho maluco daquele em casa .
No decorrer da tarde o entretenimento continuava, mais brincadeiras, brigas, discussões, choro, castigo. Quando “apagávamos nosso fogo” voltávamos para a televisão, era hora de assistir o Programa Silvio Santos. Minha avó não perdia! E durante os intervalos quando passava o comercial com resultado da “Tele Sena” todos calados pois vovô sempre pedia silêncio para conferir seus números.  Quase todo domingo era a mesma coisa: Dominó, Polegar, a lambada do Beto Barbosa, a "dança do pintinho amarelinho”,  Rosana, Cátia (a ceguinha), Trio Los Angeles  e outras “famosidades” da época. No início da noite é hora do programa “Os Trapalhões”. Ninguém tirava os olhos da TV e ficávamos atentos às piadas e brincadeiras daquela trupe, como não se esquecer da risada ímpar do Zacarias.
Logo chegava a hora de voltar para casa! O domingo em família chegava ao fim. Ansiedade começava para logo chegar o próximo final de semana.
Confesso que há tempos não escrevia um texto dominado por uma emoção que me derramou lágrimas. Bateu uma saudade absurda desta época. Saudades do cheiro do “feijão verde” e galinha cozida que só vovó sabia fazer. Saudades dos meus primos juntos, hoje cada um tomou seu rumo, começam a construir carreira profissional e formar família. Saudades de pedir a “benção vovó, benção vovô”, e ganhar um beijo impagável na testa, cada um “na filinha” recebendo este carinho antes de partir de volta para nossas casas.
Comemorar o dia das crianças é puxar da memória o que de melhor vivi. Recordar cada beijo, afeto, olhar, palavra, cada demonstração de carinho, a cumplicidade ingênua dos netos reunidos. Olhar para trás é sentir, mais uma vez, o prazer de ter passado por uma geração feliz e ter a certeza plena que minha formação de caráter e valores se deve muito ao que aprendi em família.
Quero terminar este texto com uma um pedido singelo, que era feito a duas pessoas especiais em minha vida. Acredito que “lá de cima” eles estarão escutando este pedido que durante muitos anos saíram de minha boca:
“Benção vó, benção vô”!






















Foto com meus avós. Estou nos braços do "Vô João".

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Minha grande Campina Grande, parabéns!

Minha grande Campina Grande completa hoje 146 anos. Parabéns campinenses e todos aqueles que usufruem das riquezas que esta cidade nos oferece.
Não vou aqui entrar em alguns detalhes da história da cidade, sua fundação, povoamento, economia, etc. Vou apenas expressar o meu amor a esta cidade, meu berço, minha escola. Transmitir meu reconhecimento e elogio ao local das minhas origens.
Pois lamento quando escuto alguns campinenses criticarem sua cidade natal com tanta veemência, atirando palavras com tons críticos e zombando literalmente da nossa “casa”.
Sou campinense sim, com muito orgulho! Sou desta cidade que em sua história teve uma passagem representativa na economia, na cultura e construção da sociedade paraibana e nordestina.  
Estas pessoas poderiam estudar um pouco mais, abrir a visão e enxergar mais do que o limite territorial de suas casas. Estamos falando de uma cidade considerada  o maior polo tecnológico da América Latina segundo a revista norte americana Newsweek  e teve outra evidência sobre seu desenvolvimento nos últimos tempos quando apontada no ranking da revista Você S/A, no qual Campina Grande aparece como uma das 10 melhores cidades para se trabalhar e fazer carreira do Brasil, única cidade do interior entre as capitais escolhidas no país.
Tanto é que Campina Grande também é conhecida como cidade universitária, pois conta com grandes universidades públicas e privadas. É comum estudantes do Nordeste e de todo o Brasil virem morar aqui em nossa cidade.
E o nosso Maior São João do Mundo?  Evento tão aguardado (ou até mais) do que o Natal e Reveillon. Um mês que respiramos as tradições juninas e todas suas peculiaridades. A cidade é contagiada por um clima diferente, as pessoas se movimentam num ritmo frenético pois “Viva São João”! Nada melhor do que renuir a turma de amigos em pleno Parque do Povo, sentir aquela garoa e friozinho típicos deste período do ano em nossa cidade, sentir o sabor de um milho assado, da canjica e pamonha e deliciar-se com o tocar de uma sanfona, zabumba e pandeiro ritmando os velhos hinos juninos.






















Recordo quando pequeno meus passeios pelas praças da cidade. Quem nunca foi à Praça da Bandeira brincar com os pombos fazendo susto para que saíssem em retirada. Local este que, na fase colegial, era o ponto de encontro de toda a juventude. O encontro das escolas, grupos de amigos, primeiras paqueras, namoricos de adolescentes. Lembro-me das antigas lojas Brasileiras, adorávamos ir à seção de balas e bombons e comprávamos um saquinho sortido de guloseimas para dividirmos com os amigos nas escolas ou na praça central da cidade. E quem nunca “pegou” discretamente um caramelo e saiu desconfiado da loja por ter tido este feito?
Adorava os programas em família quando íamos à sorveteria “Iglu” no centro da cidade. Não se vende sorvetes como antigamente!
Que beleza ver o pôr do sol caminhando às margens do Açude Velho e perceber o movimento das pessoas no vai e vem de uma vida dinâmica de quem vive nesta região.
Fico feliz quando escuto pessoas de fora ressaltando as belezas e atrativos da cidade, quando leio ou assisto reportagens que proporcionam um lugar de reconhecimento com a nossa própria história local.  E quem tiver curiosidade de conhecer mais sobre Campina Grande eu digo que fontes de pesquisa e informação não faltam. As nossas universidades, a internet, livros estão cheios de trabalhos prontos para serem explorados e compartilhados com a comunidade e os meios de comunicação em massa.
Parabéns aos campinenses e aos que se naturalizaram filhos desta terra e que buscam sempre caminhos inovadores na prática de fazer algo a mais por ela, que são criativos, ousados e destemidos. O nosso suor diário transforma-se em poesia, maestria e a arte na construção da história desta abençoada Serra da Borborema.

Parabéns Campina Grande!