sexta-feira, 22 de abril de 2011

Sugestão de leitura "Aí vai meu coração"

 Deixo aqui uma sugestão de um livro que andei lendo ultimamente. No livro “Aí vai meu coração: as cartas de amor de Tarsila do Amaral e Anna Maria Martins para Luís Martins”, a escritora Ana Luisa Martins narra o romance entre Luís Martins, seu pai, e a pintora Tarsila do Amaral. Luís Martins e Tarsila tiveram uma longa e “proibida” r...elação amorosa, sendo ele vinte anos mais novo do que ela; depois ele apaixonou-se pela prima de Tarsila, Anna Maria, com quem viria a se casar e que viria a ser a mãe da autora.

O livro todo é de uma delicadeza imensa, que transpira das cartas escritas por Tarsila e por Anna Maria para Luís Martins, que a filha encontrou numa gaveta após a morte do pai. A história desses amores é narrada através da leitura das cartas e complementada pela autora, que explica o desenrolar dos acontecimentos; mas as palavras são as dos próprios protagonistas e revelam, além de uma comovente história de amor.

Ah, sim: a frase “Aí vai meu coração” era a forma como Tarsila encerrava as cartas para Luís Martins.
 Trecho: “...Eu também tenho momentos de desespero e quero também desabafar para sentir-me mais aliviada, como aconteceu com você. Não quero que você torne a falar em morrer. Essa idéia me é intolerável. Antes venha a morte para mim, o que seria uma solução menos má. Vou deixar esta carta para amanhã. Estou sofrendo demais e, como não posso deixar de ser sincera, poderia concorrer para aumentar sua angústia. As palavras escritas me doeram muito mais do que as faladas: ‘Amo, etc....’ nem quero repetir suas palavras: elas são punhais que se enterram nas feridas do meu coração. Ah! meu querido Luís, mas por que estou eu dizendo estas coisas? Perdoe-me se estou sentindo necessidade premente de expansão. E eu que não quero ser estorvo na sua vida...”
Carta de Tarsila do Amaral para Luís Martins datada de 21 de janeiro de 1952, época da separação deles
 

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Nas mãos...


Estes dias parei para observar um bebê, acredito que ele tinha uns seis meses, a criança acolhida pelos braços de sua mãe brincava em entusiasmo com sua própria mão, observava cada movimento dela e parecia ter descoberto algo surpreendente. Imagino que quando fui pequeno, minha mão também  foi uma das minhas primeiras descobertas. Imagino que não cansava de admirá-la, olhava, olhava e, quase nunca contentava só em fazer os movimentos, eu mordia ou sentia o toque de seus dedos pelo rosto. E à medida que o tempo foi passando, outras coisas começaram chamar minha atenção. Fui crescendo, e ela sempre acompanhando meu desenvolvimento. Lembro do ano em que me alfabetizei. Em casa, na presença dela, agia de uma forma. Quando chegava na escola, em meio a toda aquela molecada, parece que esquecia-me de como relacionar com ela bem e, então, a “tia” chamava-me a atenção. Ah...no meu aprendizado, contudo, ela sempre me foi aquela companheira inseparável. Não creio que foi só em função dela, mas os êxitos nas avaliações, nos estudos, nos esportes, nas representações em público, deve-se em grande parte à forma sábia que ela possibilitava-me agir. Passado o tempo a adolescência enfim chegou. Uma época de transições, de novas descobertas, de conflitos. E, mais uma vez, com meu jeito desajeitado de sempre, tive alguns conflitos com ela. Parece que ela não fazia bem o que eu pensava, parece que todos os seus atos iam de encontro às minhas idéias. Ela, que outrora fora minha fonte de equilíbrio, agora precisava pensar em como agir com ela e, ainda assim, divergíamos. Lembro de quantos não foram os desencontros que tivemos dentro e fora de casa, de quantos acidentes não cometi por causa dessas nossas divergências.  Esta fase, comum a todos nós, de alterações físicas, perturbações psicológicas, brincava, ficava sério, sorria, dava gargalhadas, chorava. Tudo muito confuso.
Agora, mais consciente, olho com “um olhar diferenciado”, de quem a percebe  como um apoio, um puxão de orelha, um afago, um carinho. Engraçado como ela detinha todas essas habilidades desde aquela época. Além dessas, como seria interessante prosear com ela! Como seria interessante ler os versos escritos por ela. Lembro agora que  Augusto dos Anjos, na intimidade do versos, descreveu suas facetas (das mãos). Dizia ele que, segundo o estado de espírito, ela pode afagar ou apedrejar.
 Realmente ele estava certo. Ela é muito poderosa, bastante peculiar. Minha primeira descoberta, companheira inseparável no meu desenvolvimento, fonte de atritos e acidentes na adolescência. Com ela pretendo continuar proseando e proseando, escrever versos pra vida toda que, ao coração, irá falar.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Na prisão do passado...

Não precisamos de livros para ensinar que não desfrutar do presente, não encaminha ninguém ao seu futuro e só prende-as às lembranças do passado. É bom, vez ou outras, lançar a pergunta: Isso é vida? Tratando, claro, de respondê-la!
Tantas pessoas já deve ter enfrentado situações, em que se via confrontada com o passado de outra. Quando digo isso não falo apenas de fatos "lamentáveis" que preterivelmente "esquecemos", mas sim de coisas boas. Vejamos que os bons acontecimentos, relacionamentos proveitosos de nossos passados, predominam em nossas mentes, muitas vezes impedindo "os bons novos acontecimentos" de acontecerem! E esta linha de pensamento viverá a espera de repetições e reconciliações que de fato nunca chegam a acontecer, trazendo apenas a perda de tempo. Ah, o tempo...
Percebo que quem perde tempo é a pessoa que confronta o passado alheio, muitas vezes querendo competir com as memórias de outra pessoa, o que não surtirá muito efeito.
E o que fazer? Bem...o melhor a se fazer é aproveitar o seu próprio presente, planejar o seu futuro e lembrar do seu passado, claro sem que ele seja a verdadeira e grande razão de seu viver.


sábado, 26 de fevereiro de 2011

Seja você ou não seja ninguém...

Um das coisas que mais me incomoda nas pessoas é a falta de personalidade própria. Que bom seria se todos agissem com identidade e fizessem de tudo para ser elas mesmas. O segredo é descobrir que se não formos nós mesmos não seremos  ninguém. Acredito fortemente que este é o grande segredo do tudo ou nada. Temos a opção de vencermos  como protagonistas ou morrermos na coxia escura e esquecida.  
Como a vida é aberta e feita de escolhas podemos optar pelo caminho mais fácil, e ser mais um a remar no meio da multidão. Pessoas sem personalidade remam assim!!!
A verdade é que se escolher ser uma pessoa  autêntica não é fácil, pois faz você se esbarrar uma vez ou outra nos pilares da sociedade, que apesar de débil, prega no consciente e subconsciente das pessoas alguns padrões robóticos a serem seguidos. No momento que percebemos isso logo constatamos  que estes pilares não foram construídos com alicerces feitos de dignidade e honra, mas sim de indiferença e ganância.
O fato é que se não podes “falar”, irão responder-lhe com outras palavras: “o mundo não é para todos”. E quase ninguém se importará com isso. Continuarão remando na direção “igual a grande maioria”.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

E se não fossem as mudanças...

Andei afastado das palavras aqui durante um período. Apenas ajustando alguns processos de mudanças. Mas volto às palavras para iniciar um ano repleto de trocas. Pensando aqui, o que falar? Pensei em “liberdade”. A liberdade como um instante vivido sem direção. Uma estrada sem fim onde tudo o que temos é a sensação de poder seguir em frente ou simplesmente contemplar a paisagem que se apresenta sem nenhuma pretensão. E quando foi a última vez que vivi esta sensação?
Somente o pensamento é livre sob qualquer circunstância… (embora nem sempre isto se verifique). Nascemos para ser “emoldurados” segundo os padrões sociais do tempo em que vivemos. Alguns de nós permanecemos assim durante algum tempo, até decidirmos romper com o estereotipo pré-estabelecido que não nos define como pessoas capazes de criar, ou escolher como vemos o mundo e não com o mundo nos vê a nós. É neste instante que geralmente rompemos com o passado (o primeiro erro desta viagem). Nossa história tem a marca dos nossos passos; podemos mudar de caminho, podemos deixar de olhar para trás… mas as pegadas continuarão marcadas neste percurso, a relembrar paragens felizes e infelizes, amores conquistados e amigos que ficaram pelo caminho. É isto que nos compõe.
Contraditoriamente o desejo de romper com os moldes sociais para nos sentirmos verdadeiramente livres, acaba na maioria das vezes por nos aprisionar novamente. É certo que escolhemos a nossa própria moldura; determinamos o que nos define e, invariavelmente, acabamos por voltar a ser pendurados na parede social, cuja exposição apresenta todas as outras pessoas com pensamentos semelhantes ou não. Somos mais uma vez um estereotipo como qualquer outro; talvez diferente na aparência ou até mesmo na forma de pensar; o fato é que estamos novamente emoldurados por paradigmas que até então pareciam tão originais.
Acredito que viver deve ser o verdadeiro significado de liberdade. “Viva e deixa viver” disse uma vez uma sábia mulher. Talvez não haja mal algum viver sem grande originalidade na atitude ou pensamento, pois a verdadeira sabedoria é harmoniosa, e portanto, capaz de aproximar as pessoas independentemente de suas diferenças. Talvez eu esteja errado, talvez não… mas a verdade é que estou pronto para aprender algo novo, sempre que esta oportunidade surgir.
A vida é um dom que nos foi concebido antes de qualquer pretensão; recebe-a de bom agrado. A busca por respostas é singular e cabe a cada um de nós esta escolha. Criar momentos felizes durante este percurso é a única forma de sentirmos em plenitude a dádiva de viver. Este é um bom motivo para iniciarmos 2011 refletindo bastante!

sábado, 15 de janeiro de 2011

Ausência....

O ano novo trouxe algumas mudanças e novos caminhos...
Ficarei áfastado do blog por um certo período. Logo em breve, tão logo tudo esteja no seu devido lugar, dedicarei alguns minutos ou horas do meu dia às palavras.

domingo, 9 de janeiro de 2011

A tal vaidade...


A tal vaidade!!! Esta considerada por muitos, um dos sete pecados capitais, a vaidade teve sempre um papel especial e polêmico no mundo.
Se olharmos para o passado perceberemos que ela surgiu mesmo antes do homem sequer existir para pensar no assunto. Segundo a bíblia, o próprio criador sentiu-se orgulhoso com a sua criação. E a mãe natureza dá-nos prova deste capricho ao enxergar nosso cenário, se assim não fosse, então teríamos um mundo a preto e branco ou flores e mares sem qualquer beleza caprichada.
Esta é uma opinião particular, baseada numa singela análise, logo me faz crer que a vaidade é algo natural. Vejo que os seres vivos buscam a beleza nas suas diferentes formas. Os erros que cometemos sobre qualquer aspecto a que alguns chamam “pecados” derivam do exagero ou ausência total de determinadas atitudes e aspectos.
Quem é que não aprecia o que é belo?
Alguns dizem que a beleza é relativa, no entanto, nunca ouvi alguém dizer que ela não existe ou não lhe agrada os olhos.  A auto-estima está diretamente ligada à vaidade, que ao cumprir um objetivo satisfatório para quem busca esta valorização, dá-lhe maior confiança para manifestar-se numa sociedade que vislumbra primeiro a imagem, e só depois o “conteúdo”.
De qualquer forma, o fato é que sentir-se bem consigo mesmo é geralmente sinônimo de viver mais feliz.
O segredo é temperar a vida com uma boa dose de vaidade, valorizando-se. E cada pessoa tem um papel especial neste mundo. Dê maior ênfase em sua aparência e verá que um pouco de vaidade cura a indisposição, a depressão, e ofusca a monotonia do dia-a-dia. Quase todas as coisas em nossas vidas são resultados das nossas escolhas. Fazer algo para orgulhar-se de si mesmo, não ser vaidoso apenas com a aparência, mas também com o trabalho, relacionamentos, as suas escolhas, e a sua participação na sociedade.
É...deixe o mundo apreciar a sua beleza. Não economize quando o investimento é você. Junte nesta fórmula uma “pitada” de bom senso e humildade e o antídoto estará pronto. A vaidade cura os males causados pela rotina.  Procure viver bem e feliz com aquilo que tem, mas nunca deixe de esforçar-se por melhorar. Parar é morrer. Então faça tudo para que um dia encontre a paz após muitos anos de sonhos realizados, assim poderá sentir-se envaidecido com a bela vida que teve e construiu.