quinta-feira, 9 de setembro de 2010

A fênix que habita em nós



Todos nós temos uma fênix adormecida em nossas almas. Levamos um pouco deste pássaro da mitologia grega que, quando morria, entrava em auto-combustão e, passado algum tempo, renascia das próprias cinzas.
Mas quantas vezes em nossas vidas erguemo-nos das cinzas?
Entendo e acredito que tudo na natureza são ciclos, que passamos por transformações o tempo inteiro, mesmo que em algumas vezes aconteçam de forma mais profunda, e que nos faz rever algumas coisas do passado que não nos serve mais.
Eu já tive minhas experiências de fênix. Na verdade por algumas vezes, mas em 2007 foi a grande experiência. E como uma fênix também já tive a dor de morrer, o sofrimento de entrar em auto-combustão e a vitória de renascer de minhas próprias cinzas. Carrego comigo as histórias que a vida me deu como lição, as perdas e os abandonos que, por um momento, nos deixaram sem chão, mas que o ressurgir nos mostrou um novo horizonte.
Neste processo de transformação tive que jogar muita coisa fora, e não foi fácil. Guardamos coisas desnecessárias em nossos registros.  Aprisionamos as mágoas, os medos, o egoísmo que nos impede de enxergar além. É necessário transformar. Mas transformação dói. Dói e exige muito de nós.
Só compreendendo uma situação podemos transformá-las. Quando compreendi que os fatos que por muitas vezes me destruíram fugiam de minha responsabilidade é que pude sair das desculpas e buscar meios. É um processo lento e delicado, onde necessitamos arrepender-nos por vezes e também aceitar que os outros estavam certos grande parte das vezes em que eu discordava, percebi que muitas coisas que fiz não senti como devia. Para tudo isso foi preciso uma mudança de hábito. Aprendi que mudar alguns hábitos requer atitude e persistir nesta mudança é um treino diário.
Neste período aprendi que devemos curar os nossos ferimentos e aceitar que passar por um momento de renascimento é largar tudo com a consciência de que nada se perde , é passar pelo fogo como a fênix e ressurgir com um corpo novo. 
Meus amigos e família foram importantes neste processo e devo bastante a cada um deles, quero dividir minha experiência com vocês e deixar meus agradecimentos a todos eles, mas também convido vocês a pensarmos como os povos antigos, que diziam que a fênix simbolizava o Sol, que ao final de cada tarde se incendeia e morre, renascendo a cada manhã. Que possamos agir desta forma, renascendo a cada novo dia, aprendendo que ainda há muito o que aprender. Vamos libertar a fênix que habita em nós.

Kermerson Dias

5 comentários:

  1. Muito bom o texto Kerson..

    Você escreve muito bem!

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  2. Se há algo que me emociona é testemunhar a humanidade no outro, pode soar até contraditório o que acabei de escrever, mas é exatamente isto que tento dizer. Muitos de nós nos esquecemos de nossa maior missão: HUMANO SER. É assim que identifico e vejo seu texto: HUMANO. O elemento principal que vejo em seu texto é a experiência humana, os ciclos, seus começos, meios e fins, também muito bem retratados por Fernando Pessoa: “Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é. Torna-te uma pessoa melhor e assegura-te de que sabes bem quem és tu próprio, antes de conheceres alguém e de esperares que ele veja quem tu és.”.
    Reconhecer o nosso limite, entender quando é chegada à hora de parar e recomeçar ou iniciar uma nova etapa: "Neste período aprendi que devemos curar os nossos ferimentos e aceitar que passar por um momento de renascimento é largar tudo com a consciência de que nada se perde..." Esta é a parte do seu texto que achei mais sábia e bela. Você fala de uma segurança, a segurança que nos permiti cuidar de nós mesmos, de resolver nossos dilemas momentâneos ou não, de por fim a algo e de recomeçar um novo. Vou ficando por aqui, dizendo que na nossa tentativa de tocarmos o horizonte em tempos de angustias ou não, temos a possibilidade de entendermos que este mesmo horizonte que por vezes parece distante, na verdade está dentro de nós. Parabéns pelo texto lindo!

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  3. Fenix resurge, se reinventa se transforma! das cinzas ou nao, nos tbm sofremos essas mudanças!
    To adorando teu blog!

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  4. Voltei esta semana a São Paulo, terra onde ressurgi de forma mais brutal em minha vida.
    Rever lugares e pessoas fez-me lembrar de tanta dor passada...Mas ao mesmo tempo me deixou feliz, cicatrizado, curado!
    Pelos simples fato de ver que tudo mudou...Ressurgi e hoje sou uma Fenix renovada e disposta a mudar constantemente até conseguir todos os meus sonhos.
    Nada que acontece em nossa vida é em vão.Tudo tem seu propósito e lá na frente poucos conseguem enxergar isso.
    Quando algo muito ruim nos acontece, Acreditem! Algo de bom existe por trás...
    Não devemos ter medo das mudanças,elas são necessárias SEMPRE!

    Adorei o texto...E estou recomendando aos que precisam morrer para assim ressurgir uma nova vida.
    JOACY BARROS

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