terça-feira, 30 de novembro de 2010

...só não desista de você...

 Que orgulho ser brasileiro e ter uma escritora como Clarice Lispector que nos enriquece com suas palavras e obras. Mas o propósito aqui hoje não é homenageá-la - embora esta mereça e muito - mas sim falar de uma atitude tão rara e difícil nos dias atuais, o perdão. Aproveito-me de um fragmento de um texto da Clarice Lispector, onde aparece com nitidez a complexidade que é o ato de perdoar: 

(...) é imperdoável desistir da própria vida, dos sonhos que alimentam a trajetória do homem. Desista de tudo, de lutar pelo filho que não quer mudar, da filha que decidiu abandonar a casa em tom de rebeldia, do "amor da sua vida" que quer "mais liberdade", do emprego que te suga até a alma, (...) ... só não desista de você, é imperdoável perdermos alguém tão especial, tão essencial, como você. (...)

A gente ouve falar em perdão em casa, na escola, na igreja, etc, mas é com o passar do tempo que a vida nos ensina algumas coisas sobre ele. Somente quando vamos adquirindo experiências, vivendo e aprendendo, serenando e apaziguando nossos corações é que nos permitimos a entender melhor o que é perdoar. Perdoar um ato de ação ou omissão, uma palavra ou um silêncio, um empurrão ou uma indiferença, perdoar um amor fracassado ou um amigo infiel, enfim, perdoar...
Aprendemos que perdoar não deve ser encarado como uma obrigação. O perdão só é gratificante quando ocorre de forma natural e verdadeira. Não adianta bancarmos de “bonzinhos” e colocar o perdão  no “hall” dos deveres, pois as chances de sairmos ilesos dessa jogada são nulas. A gente vai aprendendo que o ato de perdoar contém em si um ato de desistir, que por sua vez, tem que ser na medida certa. Pois do contrário podemos acabar se afogando num oceano de desistências. Logo corremos o risco de desistir de viver e de sonhar. E este pecado não tem perdão! Você pode desistir de várias coisas nesta vida, mas não desista de você. O fato é que se você desistir, ninguém te perdoará. O segredo é descobrir a medida certa para o perdão, sem esquecer que ao perdoarmos alguém, podemos estar também perdoando a nós mesmos. Vamos pensar nisso!

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