sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Leite em Pó


É tão bom perceber que a felicidade é algo que mora ao nosso lado, vive nas coisas mais simples e óbvias da vida. Que arrancar um sorriso? Basta lembrar-se de fatos e momentos seus, aqueles mais marcantes e que estão num passado que não morre jamais.  Lembrar das coisas pequenas, de um cheiro, um toque, um olhar, uma voz ou qualquer gesto e atitude que passou e deixou um registro inesquecível.
Geralmente quando escrevo busco, através dos sentidos, uma fonte de inspiração. Falar de lembranças me traz uma gostosa obrigação de puxar, num canto da memória, passagens escritas em meu cotidiano. Busquei sentir agora o doce cheiro de um perfume ao qual não lembro o nome, mas lembro que era a imagem de minha avó viva e presente. Lembranças de um abraço materno, um afago ímpar. Qualquer outro cheiro neste momento não é capaz de dominar meu olfato, fechar os olhos me permite inalar esta essência floral. Inalar é inspirar. Inspiração em viagens à infância, ao prazer de deitar-me da cama de minha mãe com um pedido carente de “limpa meu ouvido!” . Não era a necessidade da limpeza, mas ficar ali por alguns minutos, sentindo a suave passagem de um cotonete pelas mãos de quem sabe transmitir um amor incondicional, isso era capaz de me levar ao sono. Nada melhor que adormecer na cama dela. Existe cheiro melhor que travesseiro de mãe? Para mim não! Estava lembrando neste momento de algo que, quando criança, fazia muito pra fugir do banho frio no inicio do dia antes de ir à escola: molhar os cabelos na pia do banheiro: era um segredo entre irmãos. Mas que segredo que nada! Eu lia nos olhares de minha mãe que ela sabia de nossa “treta”. O melhor era a atuação que fazíamos sentindo frio.  Ri muito agora!
Mas lembro de cada bronca também. E quando acabava o leite em pó? Leite que era comido em colherzinha. Enchia os dentes daquela massa branca. Que delícia o gosto de leite Ninho. Tão gostoso quanto pegar estrada em família e curtir cada trecho da BR com as mais bobas brincadeiras que uma criança pode inventar ou se submeter a participar. Vamos contar postes? Não , não! Melhor escolher uma cor de carro e contar quantos passam pela estrada. Quem mais fizer ponto ganha! Mas eu sempre perdia. Castigo por ser vitima do Dramin. Pobre criança que enjoava numa simples viagem Campina Grande a João Pessoa. E quando pensei me livrar do Dramin chega a adolescência e me torno vitima da Minancora.  Solução “imediata” pra o rosto cheio de espinhas dos jovens. Encher o rosto de pomada e aguentar aquele cheiro durante toda a noite não era para qualquer um.  Mas paciência era o que mais tinha nesta fase. A arte de esperar, como aguardar o primeiro beijo e transformar naquele momento uma cena para sempre. Esperar era um dom pouco praticado numa fase em que tudo parecia correr contra o relógio. E todo este tempo me tomou de uma vivência que, hoje, me cobre de lembranças. Preciso escrever mais sobre isso. Tenho recheio para muito mais. Mas vou terminar por aqui. Preciso encher mais minha xícara com leite em pó!

2 comentários:

  1. kkkkkkkkkkkkkkkkk
    Ri muito!!!
    Eu também usava a estratégia de molhar a cabeça na pia viu, dava super certo! Sempre despistava a minha mãe...incrível isso, pensei que só eu fazia essas coisas quando criança. Hummm e o leite em pó, nosssa adoro até hoje com chocolate em pó também, que delíciaaa!!!
    Lembranças gostosasss néahm!!!

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  2. Acho muito interessante quando leio esses texto que retratam o nosso passado, as minimas coisas, por mais bobas que sao! Fico a imaginar e ate encher os olhos de lagrimas e chorar! Quanto foram bons os tempos em que tudo era um mundo criado por Vc, coisas que hoje as vezes nao existam mais. Nao só molhava os cabelos mas tb lavava os braços com sabonete, caso sua mae fosse conferir pelo cheio. kkkkk! Comer achocolatado direto da lata era tuuuudooo. O pote de biscoito na casa de minha avó era num lugar tao alto, pois mesmo se subissemos encima do primo daria pra pegar, mas o q nao sabiamos era q a essencia era ela nos dar o biscoito e junto disso acompanhado de um beijo. Quando faltava energia sempre era motivos de pegar nossos lençois ficar num friozinho gosto e contar historias de terror ao mesmo tempo ficar brincando com o fogo da vela (olha o perigo), mas nao fazia pq quem mexe com fogo faz xixi na cama. E isso nenhum dos irmaos ou primos faziam (sei!). Enfim. Ainda lembro o cheiro dessas coisas, associar um cheiro a uma ocasiao ou a um local é minha especialidade... Ainda lembro do cheiro dos bolinhos de chuva (bolo de caco! kkkkk) que minha mae fazia quando chovia e junto tb lembro do cheiro das telhas molhadas! Muito gosto tudo isso. Vou parar por aki, as lagrimas nao me permitem ver mais a tela do PC ...

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