domingo, 12 de dezembro de 2010

Cultivando pérolas...


Não é uma aula de Biologia mas para começar este texto seria interessante definir que as ostras são moluscos que podem viver tanto em ambiente aquático quanto terrestre. São elas também quem produzem as pérolas, encontradas nos bivalvos (tipo de ostras) formam-se da seguinte maneira: partículas estranhas, como grão de areia, podem intrometer-se entre o manto e a concha do molusco. O epitélio que reveste o manto, começa então a secretar, sobre a partícula estranha, sucessivas camadas nacaradas. finalmente, o epitélio do manto envolve completamente o corpo estranho e secreta nácar em finas camadas concêntricas, formando a pérola.
Aposto que neste momento, você que lê deve estar se perguntando: “Mas pra que danado que saber deste assunto?!”. Sei que é muito pouco provável encontrar , amenos é um curioso ou estudioso apaixonado por moluscos, mas vocês entenderão mais para frente.
As famosas pérolas, tão preciosas e caras pérolas, nada mais são que reações as quais o organismo das ostras criam em busca de defesa a algo que esta lhe machucando, você já parou pra pensar no quanto nós, humanos, fazemos o mesmo? Quantas vezes ficamos remoendo algo que nos machuca a ponto daquilo se tornar um corpo estranho dentro de nós? Quantas vezes deixamos sonhos, graças às areia que nos invadiu? Vale a pena pensar nisso por um instante.
Todos nós somos machucados ou machucamos alguém. E normalmente somos machucados por comentário, atitudes, gestos ou mesmo a falta deles de pessoas próximas, de amigos, pessoas com as quais nos importamos, às quais damos atenção. Isso é totalmente compreensível, afinal são pessoas que amamos e fazem diferença em nossas vidas, e por estarmos tão próximos acabam sendo mais que amigos e conselheiros, às vezes se tornam inconvenientes e sinceros aos extremos ou simplesmente alguém que devida à tamanha intimidade já não mede mais as palavras ao dar sua opinião, tenha sido ela solicitada ou não!
Amigos são assim mesmo, eu sou assim. Mas o que realmente me incomoda não são essas verdades ditas de forma que eu ainda não estava pronto para ouvir, e por favor não estou com isso querendo dizer que amigos deveriam mentir, mas estou sim tentando dizer que o que mais me assusta é a reação a essas atitudes.
Em situações como essa tendemos a nós ferir, a nos lançar em um ostracismo pessoal, em um deserto particular onde temos areia o suficiente para produzirmos dúzias de colares. Não condeno atitudes de isolamento, normalmente são sentimentos mais fortes que nós, independentes. Já produzi inúmeros colares em meu deserto, vivi por semanas perdido em meu ostracismo. Mas no fim de tudo tenho uma nova fortuna.

Então, assim como as pérolas nossas cicatrizes tem um valor grande. Sempre aprendemos algo; aprendemos a nos posicionar e não deixar que um único comentário acabe com um sonho que é só nosso, aprendemos a não levar as pessoas tão a sério; às vezes dolorosamente aprendemos a não sermos como os outros, e temos a certeza de que jamais devemos fazer com os outros o que não queremos que façam com nós.
Confesso que não sei avaliar a grandiosidade disso tudo, não sei dizer se é bom ter pessoas que sempre te digam a verdade, mesmo que de uma forma a te machucar, não sei até onde devo dizer aos meus amigos “Amigo, não é bem assim...” ou “Meu amigo por uma questão de lógica é que estou te dizendo que isso não vai dar certo” sinceramente também não quero ter que viver sonhos que não são meus, e por isso não me importo que não vivam os meus, desde que não me impeçam. É assim mesmo, é a tentativa de uma vida em reciprocidade, e a certeza de que apesar da beleza das pérolas o mundo seria melhor sem tantas delas. Um bom domingo, com pensamento  voltados às pérolas.

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