sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Um minuto para Mário Quintana

Como o nobre amigo Mário pede: não consulte os relógios!
Mas permita-se a contemplar a beleza das palavras, esquecendo que o tempo não pode aprisioná-lo, mas sim libertá-lo para um mundo maior e melhor. Um bom dia com a reflexão deste homem que abrilhantou nossa literatura.

AH! OS RELÓGIOS

Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...

Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.

Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.

E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são...


Mario Quintana - A Cor do Invisível

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